Não há nada mais frustrante para um
cromatografista do que chegar no dia seguinte em frente do seu HPLC e perceber
que aquela sêquencia colocada pra rodar no dia anterior foi perdida.
Não importa se era um teste, 5
lotes de produto final, estabilidade ou uma validação de método, aquele
instante da descoberta é frustrante e a única coisa que queremos saber é o que
causou o problema.
Em geral procuramos por erros
grandes para justificar o problema: uma coluna saturada, uma fase móvel
preparada errada ou um defeito no equipamento.
Mas na maioria das vezes não
encontramos o tal “problema”, e dependendo do nível de compliance da empresa em
que você atua, alguns dias serão perdidos tentando justificar o erro, sem
encontrar o real motivo para o problema.
O que muitos usuários de
cromatografia líquida ainda não perceberam é que em geral, este “problema”
grande que estamos procurando nada mais é do que a somatória de pequenos erros
gerados na nossa rotina de preparação do sistema HPLC para aquela análise.
Nos próximos
p
osts iremos
tratar em detalhes quais são os cuidados que os cromatografistas experientes
utilizam em sua rotina para
garantir uma rotina produtiva e confiável.
Degaseificação: a
degaseificação é com certeza um dos pontos mais sensíveis quando tratamos de se
manter uma rotina analítica eficiente e produtiva. Muitos ignoram a importância deste fator nos dias atuais, graças a grande eficiência dos degaseificadores em linha que existem hoje nos sistemas HPLC
/ UHPLC, mas isso não elimina o risco de problemas com bolhas.
Como funciona um
degaseificador em linha: basicamente no caminho fluídico do seu HPLC há um
pequeno tubo plástico permeável à gás dentro de uma pequena câmara onde é
aplicado vácuo; como este tubo é bastante fino, ele apresenta uma boa área de
contato e por diferença de pressão, o gás dissolvido ou pequenas bolhas são
forçadas a permearem o tubo e saírem da sua fase móvel.
O que acontece quando uma bolha de
ar passa pra dentro do sistema HPLC: há muitas possibilidades quando tentamos
imaginar como a bolha se comporta dentro do sistema HLPLC. Bolhas grandes podem
causar grande oscilação da pressão, o que em alguns sistema mais modernos
causará o interropimento do fluxo; se você tiver sorte, ela pode apenas causar
uma oscilação no fluxo e pressão, oque inevitavelmente causará algum efeito na
cromatografia. Se esta bolha passar no sistema no momento
da injeção, ela pode ocupar um determinado volume dentro do loop de amostragem, o que causará problemas de reprodutibilidade.
Enquanto passa pela coluna, a bolha tende a ficar em solução, mas
não elimina a possibilidade de alguma interação com a separação cromatográfica.
Mas ao sair da coluna, a pressão do
sistema volta a ficar próxima a pressão ambiente e a bolha reaparece, podendo
causar picos ou distúrbios de linha de base. Micro bolhas irão se apresentar
como um ruído constante de linha de base, facilmente observável para quem já
conhece a cromatografia daquele método / análise específica.
O oxigênio dissolvido na solução é
mais grave para alguns tipos de detecção, como na fluorescência (supressão ou
atenuação de alguns compostos), detectores de índice de refração ou para os
detectores eletroquímicos em modo redutor.
Dicas práticas:
- faça a degaseificação dos seus solventes para HPLC com vácuo e ultrassom
(método mais efetivo) por 10 min;
- no caso de
alta sensibilidade à presença de ar ou oxigênio dissolvido, utilize câmaras de
degasser em série para aumentar a eficiência ou na purga com gás Hélio;
- alterne o solvente utilizado nos canais do
HPLC, para que ocorra um desgaste proporcional em todos
os canais;
- monitore a pressão do seu sistema durante
os primeiros minutos de equilíbrio ou corrida, para se
observar a presença de bolhas ou micro bolhas.