Não há nada mais frustrante para um
cromatografista do que chegar no dia seguinte em frente do seu HPLC e perceber
que aquela sêquencia colocada pra rodar no dia anterior foi perdida.
Não importa se era um teste, 5
lotes de produto final, estabilidade ou uma validação de método, aquele
instante da descoberta é frustrante e a única coisa que queremos saber é o que
causou o problema.
Em geral procuramos por erros
grandes para justificar o problema: uma coluna saturada, uma fase móvel
preparada errada ou um defeito no equipamento.
Mas na maioria das vezes não
encontramos o tal “problema”, e dependendo do nível de compliance da empresa em
que você atua, alguns dias serão perdidos tentando justificar o erro, sem
encontrar o real motivo para o problema.
O que muitos usuários de
cromatografia líquida ainda não perceberam é que em geral, este “problema”
grande que estamos procurando nada mais é do que a somatória de pequenos erros
gerados na nossa rotina de preparação do sistema HPLC para aquela análise.
Nos próximos
posts iremos
tratar em detalhes quais são os cuidados que os cromatografistas experientes
utilizam em sua rotina para
garantir uma rotina produtiva e confiável.
Colunas dedicadas: para
alguns segmentos do mercado, falar em coluna dedicada é redundância, mas esta
não é a realidade de todo o mercado de cromatografia.
Laboratórios de prestação de serviços não fazem sempre a mesma análise, mas sim o que o cliente
precisa e quase sempre não é uma única metodologia.
Empresas de médio e pequeno porte
não possuem grandes orçamentos para manter 20 ou 30 colunas para cada um dos
seus produtos, por isso compartilham as colunas entre métodos.
Mas por que ter colunas dedicadas
irá melhorar a eficiência da minha rotina cromatográfica ?:
- a durabilidade de uma coluna
dedicada normalmente já é conhecida, pois temos o histórico daquela análise, e
por esta razão já sabemos que uma dada coluna dura 500, 1000 ou 3000 injeções,
e isso utilizado junto com o livro de registro analítico é ferramenta
importante para sabermos quando uma coluna vai falhar numa adequabilidade de
sistema e nos precavermos trocando a coluna antecipadamente;
- o número de interferentes e o tipo deles também já é conhecido numa coluna dedicada, o que não causa surpresas entre rotinas
diferentes, ou seja, um contaminante do método A pode coeluir com um analito do método B rodado na
mesma coluna, causando perda de tempo e de produtividade;
- as colunas dedicadas duram mais
facilitam o cálculo do custo analítico, pois tenho um melhor controle da vida
útil da coluna. Por exemplo: um método A tem uma coluna com vida útil média de
3000 injeções, já a coluna do método B dura por volta de 500 injeções; se cada
análise minha consome 50 injeções (método A e B - hipotético para efeito de
cálculo), numa coluna dedicada eu teria
uma coluna durando 60 análises pro método A e pro método B a coluna dedicada
duraria 10 análises. Como eu teria certeza do custo analítico numa coluna
compartilhada ?
- em colunas dedicadas o tempo gasto com equilíbrio
e limpeza é menor ou pelo menos mais eficiente: se seu método foi bem
desenvolvido, parte desse desenvolvimento focou na limpeza da coluna, baseado
nos tipos de modificadores utilizados, nos diferentes interferentes presentes
naquela matriz, entre outros pontos importantes. Com isso, a limpeza após o uso
da coluna é sempre o mesmo, dando maior previsibilidade com relação ao tempo
gasto com aquela análise, cálculos como hora / máquina, hora / homem, hora /
análise, etc.
Dicas práticas:
- coluna é um consumível, vai gastar e acabar, por isso utilize ferramentas pra prever este fim e evitar perda de tempo e produtividade;
- o custo de uma coluna para uma
análise é relativamente baixo, quando comparado ao custo com outros
consumíveis, como por exemplo SPE; não perca tempo tentando rodar uma análise
com uma coluna com pratos teóricos comprometidos, troque por uma nova e previamente
equilibrada e em paralelo tente limpar e / ou regenerar a coluna velha;
- mantenha registros de sua coluna:
muitos usuários possuem logbook de equipamentos, mas não possuem logbook de
colunas. Um registro básico com inormações como pressão, pratos teóricos,
resolução e outros parâmetros cromatográficos nos ajudam a ter uma idéia
bastante precisa das condições de nossa coluna;
- sempre mantenha o cromatograma das
primeiras injeções como referência: uma simples comparação entre os formatos de
pico da coluna nova e seu estado atual já eliminam a perda de tempo com
tentativas de rodar adequabilidade de sistemas, injeções teste, etc.
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