terça-feira, 8 de setembro de 2020

HPLC na prática - parte 5: Colunas dedicadas

 

Não há nada mais frustrante para um cromatografista do que chegar no dia seguinte em frente do seu HPLC e perceber que aquela sêquencia colocada pra rodar no dia anterior foi perdida.

Não importa se era um teste, 5 lotes de produto final, estabilidade ou uma validação de método, aquele instante da descoberta é frustrante e a única coisa que queremos saber é o que causou o problema.


Em geral procuramos por erros grandes para justificar o problema: uma coluna saturada, uma fase móvel preparada errada ou um defeito no equipamento.


Mas na maioria das vezes não encontramos o tal “problema”, e dependendo do nível de compliance da empresa em que você atua, alguns dias serão perdidos tentando justificar o erro, sem encontrar o real motivo para o problema.


O que muitos usuários de cromatografia líquida ainda não perceberam é que em geral, este “problema” grande que estamos procurando nada mais é do que a somatória de pequenos erros gerados na nossa rotina de preparação do sistema HPLC para aquela análise.


Nos próximos posts iremos tratar em detalhes quais são os cuidados que os cromatografistas experientes

utilizam em sua rotina para garantir uma rotina produtiva e confiável.


Colunas dedicadas: para alguns segmentos do mercado, falar em coluna dedicada é redundância, mas esta não é a realidade de todo o mercado de cromatografia.


Laboratórios de prestação de serviços não fazem sempre a mesma análise, mas sim o que o cliente precisa e quase sempre não é uma única metodologia.


Empresas de médio e pequeno porte não possuem grandes orçamentos para manter 20 ou 30 colunas para cada um dos seus produtos, por isso compartilham as colunas entre métodos.

Mas por que ter colunas dedicadas irá melhorar a eficiência da minha rotina cromatográfica ?:


    a durabilidade de uma coluna dedicada normalmente já é     conhecida, pois temos o histórico daquela análise, e por esta     razão já sabemos que uma dada coluna dura 500, 1000 ou 3000  injeções, e isso utilizado junto com o livro de registro analítico é  ferramenta importante para sabermos quando uma coluna vai   falhar numa adequabilidade de sistema e nos precavermos   trocando a coluna antecipadamente;

    o número de interferentes e o tipo deles também é conhecido numa coluna dedicada, o que não causa surpresas entre rotinas diferentes, ou seja, um contaminante do método A pode coeluir com um analito do método B rodado na mesma coluna, causando perda de tempo e de produtividade;

    as colunas dedicadas duram mais facilitam o cálculo do custo analítico, pois tenho um melhor controle da vida útil da coluna. Por exemplo: um método A tem uma coluna com vida útil média de 3000 injeções, já a coluna do método B dura por volta de 500 injeções; se cada análise minha consome 50 injeções (método A e B - hipotético para efeito de cálculo),  numa coluna dedicada eu teria uma coluna durando 60 análises pro método A e pro método B a coluna dedicada duraria 10 análises. Como eu teria certeza do custo analítico numa coluna compartilhada ?


em colunas dedicadas o tempo gasto com equilíbrio e limpeza é menor ou pelo menos mais eficiente: se seu método foi bem desenvolvido, parte desse desenvolvimento focou na limpeza da coluna, baseado nos tipos de modificadores utilizados, nos diferentes interferentes presentes naquela matriz, entre outros pontos importantes. Com isso, a limpeza após o uso da coluna é sempre o mesmo, dando maior previsibilidade com relação ao tempo gasto com aquela análise, cálculos como hora / máquina, hora / homem, hora / análise, etc.

Dicas práticas:


    - coluna é um consumível, vai gastar e acabar, por                            isso utilize ferramentas pra prever este fim e evitar perda         de tempo e produtividade;

- o custo de uma coluna para uma análise é relativamente baixo, quando comparado ao custo com outros consumíveis, como por exemplo SPE; não perca tempo tentando rodar uma análise com uma coluna com pratos teóricos comprometidos, troque por uma nova e previamente equilibrada e em paralelo tente limpar e / ou regenerar a coluna velha;
mantenha registros de sua coluna: muitos usuários possuem logbook de equipamentos, mas não possuem logbook de colunas. Um registro básico com inormações como pressão, pratos teóricos, resolução e outros parâmetros cromatográficos nos ajudam a ter uma idéia bastante precisa das condições de nossa coluna;

sempre mantenha o cromatograma das primeiras injeções como referência: uma simples comparação entre os formatos de pico da coluna nova e seu estado atual já eliminam a perda de tempo com tentativas de rodar adequabilidade de sistemas, injeções teste, etc.