segunda-feira, 10 de agosto de 2020

HPLC na prática - parte 3: a importância do cleanup de amostra

 

Não há nada mais frustrante para um cromatografista do que chegar no dia seguinte em frente do seu HPLC e perceber que aquela sêquencia colocada pra rodar no dia anterior foi perdida.


Não importa se era um teste, 5 lotes de produto final, estabilidade ou uma validação de método, aquele instante da descoberta é frustrante e a única coisa que queremos saber é o que causou o problema.

Em geral procuramos por erros grandes para justificar o problema: uma coluna saturada, uma fase móvel preparada errada ou um defeito no equipamento.


Mas na maioria das vezes não encontramos o tal “problema”, e dependendo do nível de compliance da empresa em que você atua, alguns dias serão perdidos tentando justificar o erro, sem encontrar o real motivo para o problema.


O que muitos usuários de cromatografia líquida ainda não perceberam é que em geral, este “problema” grande que estamos procurando nada mais é do que a somatória de pequenos erros gerados na nossa rotina de preparação do sistema HPLC para aquela análise.


Nos próximos posts iremos tratar em detalhes quais são os cuidados que os cromatografistas experientes utilizam em sua rotina para garantir uma rotina produtiva e confiável.


A importância do cleanup de amostra: John Dolan, um dos maiores especialistas em cromatografia líquida do mundo conta que quando perguntam pra ele como fazer uma coluna durar para sempre a resposta que ele dá é simples: “nunca faça uma injeção”.


É muito importante entender que o processo de cleanup de amostra é determinado no desenvolvimento do método. Para que essa etapa seja bem desenvolvida, o conhecimento da matriz da amostra é indispensável, e nem sempre isso é feito com maestria. Quanto mais limpa é sua amostra, maior será a vida útil de sua coluna e mais confiável seu método será.


Um problema conhecido de tratamento de amostra é o uso de filtro de seringa. Muito utilizado para retirar material particulado da amostra, o filtro é utilizado de maneira errônea, pois não se leva em consideração o tipo de membrana (Nylon, PTFE, PVDF, PES, CF, etc), volume de filtração, tamanho de poro, perda de volume de amostra, por exemplo. Na indústria farmacêutica, por exemplo, filtro de seringa é quase uma regra, mas qual o peso da cada filtro no custo final da injeção ? Será que não adicionei algum contaminante na análise por utilizer o filtro errado ? Será que está ocorrendo alguma retenção seletiva de um compost específico ? Será que o processo de filtração não deva ser validado para garantir e eficiência e a robustez desse método ?


Outras maneiras de tratamento de amostra devem ser considerados, como o uso de cartuchos de extração em fase sólida SPE (“limpeza química”)  e a centrifugação.


O maior problema com este material particulado entrando no sistema é o entupimento do frit de coluna. Isso leva ao rápido e prematuro aumento de pressão e perda de eficiência da coluna, gerando perdas de tempo enormes, além do aumento do custo da operação com trocas prematuras de colunas.


Outro risco é de entupimento do sistema de injeção do seu HPLC. Os principais componentes que podem entupir são a agulha, o assento de agulha e os canais da válvula de injeção.


Considere o uso de filtros de linha no sistema de injeção (normalmente com 0.5 um de malha). Este filtro irá reter o material particulado que ficaria retido na frit de 2 um da coluna e pode ser trocado muito mais facilmente que o frit da coluna.


Resumindo:

  • conheça bem sua matriz para a determinação do cleanup eficiente e com o melhor custo/benefício;
  • ao determinar a filtração com filtro de seringa, conheça as possibilidades e valide para um método robusto;
  • pense na utilização de filtro de linha no sistema de injeção, para minimizar problemas com entupimentos de frit de colunas ou de amostradores de injeção.

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