Me recordo de ler um estudo sobre a aprendizagem em cursos de curta duração. Como dar aulas de cromatografia líquida (LC) é uma parte importante do meu trabalho, minha atenção foi capturada. Os autores alegaram que, em um curso com duração entre 6 e 8 horas, apenas três pontos deveram ser lembrados. Um dos meus cursos para solução de problemas em HPLC tem aproximadamente 200 slides - o que é que isto diz sobre o quão eficaz é a transmissão de conhecimento crítico em cursos de curta duração ?? Como diz o ditado, eu tenho tentado fazer limonada sem limões, e usar o conceito de "somente três coisas" para ajudar a reforçar o que eu acho que são os pontos-chave. Portanto, usaremos este conceito para criar um programa central de manutenção preventiva para seu sistema HPLC.
Degaseificação
Desgaseificação da fase móvel é o único meio mais eficaz para evitar problemas com um sistema HPLC. Cromatógrafos líquidos e ar não foram feitos para ficar juntos! As bombas de HPLC são muito eficazes no bombeamento de líquidos, mas se uma bolha de ar entrar no sistema de bombas, na melhor das circunstâncias, você observará uma redução na taxa de fluxo e uma queda na pressão do sistema. Se a bolha é grande o suficiente, a bomba não irá empurrar o solvente, e se a pressão cai abaixo de um limite predefinido, a bomba vai parar. Em alguns modelos de bomba as bolhas passarão, enquanto que outros modelos vão deixar de funcionar quando uma bolha estiver presente. Depois que a bolha passar pela bomba, ela geralmente vai ficar na solução, enquanto ela passa através da coluna. Mas ao chegar ao detector, a pressão do sistema volta à pressão atmosférica e a bolha pode reaparecer dentro da célula de fluxo do detector, causando picos no cromatograma. Este problema pode ser minimizado pela utilização de um restritor de pressão na saída do detector que forneça pressão suficiente para manter a bolha na solução, até que saia do detector. Evidentemente, devemos ter cuidado para não ultrapassar os limites da pressão da célula de fluxo, ou poderá ocorrer danos ao detector. Embora esses picos de ruídos são os sintomas mais comum de bolhas passando pela célula de fluxo, como para o detector UV por exemplo, alguns detectores podem ser mais sensíveis à presença de ar. Por exemplo, oxigênio dissolvido foi relatado por atenuar a fluorescência de certos compostos quando é utilizado o detector de fluorescência. No modo redutor, o detetor eletroquímico é extremamente sensível ao oxigênio dissolvido. Cuidados devem ser tomados para eliminar oxigênio a partir da fase móvel e evitar tubulações oxigênio-permeável (como PTFE) no caminho dofluxo. Todos estes problemas relacionados com o ar dissolvido na fase móvel podem ser evitados se os cuidados adequados são tomados na degaseificação da fase móvel antes do uso. Durante muitos anos, o padrão ideal para a degaseificação foi a purga com Hélio. Este, simplesmente borbulha Hélio através de um difusor colocado no reservatório de fase móvel. A purga com Hélio é a forma mais eficaz para remover o ar dissolvido da fase móvel, com uma remoção de aproximadamente 80% do oxigênio . Com uma purga bem distribuída, um volume de hélio irá remover quase todo o gás que pode ser retirado de um igual volume de fase móvel. Isto significa que 1 L de hélio borbulhado em 1 L da fase móvel fará o trabalho. O Hélio é a única forma eficaz de remover o oxigênio da fase móvel para evitar problemas específicos de oxigênio dissolvido, tais como a atenuação da fluorescência ou problemas no detector eletroquímico mencionados anteriormente. No entanto, se o objetivo principal é remover o ar dissolvido para que não ocorra a formação de bolhas, a degaseificação por vácuo também é eficaz como uma técnica de degaseificação. A maioria dos sistemas HPLC vendidos hoje vêm com um degaseificador em linha de série ou como opcional. O degaseificador em linha é simples de usar, livre de problemas, e eficaz. Dou-lhe crédito pela enorme redução de queixas ligadas à bolhas que ouvi nos últimos anos.
fonte: traduzido e adaptado http://chromatographyonline.findpharma.com/
13 comentários:
olá novamente grato por conteúdo tao bem explicado, mas gostaria que você me ajudasse agora em Cromatografia por troca ionica, gostaria de compreender como pensar na escolha da minha matriz trocadora de ions, por quê o pH influencia nisso e o que diferencia um trocador ácido forte de um trocador ácido fraco pra um trocador básico forte e um trocador básico fraco, SE voce puder me dar um exemplo onde eu aplico cada um desses eu agradeço também, desde já obrigado.
Esse fim de semana vou postar sobre Cromatografia de troca-iônica e tentarei ajudá-lo
abraço
Parabéns pelo BLOG!!
As informações publicadas aqui não nos deixam esquecer que cromatografia líquida não é apenas preparar fase móvel, injetar e avaliar picos, há todo um conceito prático e teórico para aplicação da técnica que muitas vezes é desconhecido ou esquecidos pelos usuários. Acredito muito que essas informações tão bem detalhadas irão ajudar muitos usuários a solucionar e/ou evitar muitos problemas que ocorrem no dia a dia dentro de um laboratório.
SUCESSO
Valeu pela força Gilberto !! Vou precisar de muita ajuda e espero contar com seu conhecimento e curiosidade !!
Abraço,
Boa tarde Ronaldo,
Sou Rahisa, gostaria de saber se a presença de bolhas de ar podem fazer com que a pressão eleve. Também quais são as possíveis causas de oscilações de pressão?
Eu trabalho com um HPLC Prominence Shimadzu, e coluna Supelco ascentis C18, e quando uso métodos com fase móvel Acetonitrila e Água (50:50)não tem oscilações de pressão, e consigo fazer as análises tranquilamente, porém quando o método tem F.M. Metanol e Água (50:50) (eluição isocrática), tem muita variação (elevação) de pressão, e não consigo fazer as análises.
Olá Rahisa,
Obrigado por nos visitar !!
Vamos às suas dúvidas:
- não, bolhas de ar não aumentam a pressão, mas vão sim causar oscilação de pressão no sistema.
- as causas mais comuns para as oscilações de pressão são a falta de degaseificação da FM e problemas de vazamento de pressão na bomba (selos desgastados é o mais comum dos problemas).
- Metanol é um dos solventes que mais incorpora ar em suas moléculas, o que pode ser visto facilmente colocando um frasco de 4 litros de MeOH no ultrassom com vácuo e observar como ele inicialmente parece "ferver" de tanto gás dissolvido. Se o sistema de degaseificação do HPLC não for muito eficiente, é quase certo o problema com variação de pressão.
Boa sorte !!
Ronaldo
Bom dia Ronaldo,
Muito obrigada!
Realmente o metanol parece ferver quando o submeto a desgaseificação. Eu faço usando banho de ultrassom e bomba de vácuo. Também já suspeitei de ser os selos desgastados.
O problema da oscilação de pressão também pode estar associado a contaminações da coluna? Pois são analisadas amostras de natureza bem distintas. Ou não há relação?
Eu também não verifiquei, mas você tem alguma postagem sobre validação de métodos?
Olá Rahisa,
Legal saber que você usa vácuo e ultrassom na degaseificação, pois todos os outros métodos usados em laboratório se mostram com baixa eficiência.
A contaminação da coluna não tem relação com a oscilação de pressão, mas a coluna muito velha com o leito empacotado já danificado, com certeza influencia sim.
Sobre validação de métodos, não me lembro se há posts aqui. Dê uma procurada e caso não encontre me avise que vou ver se arrumo tempo para criar uma nova postagem.
Um abraço,
Olá
Muito bom sue blog...
Estou com um problema em uma análise de paracetamol com fase móvel água e metanol (75:25) o pico do cromatograma não sai, o que devo fazer?
Bom dia Thayse,
Obrigado por nos visitar !!
Para eu tentar ajudar você, preciso um pouco mais de informações sobre sua metodologia, como fluxo, coluna utilizada e suas dimensões, tipo de detecção e condições, etc.
Se puder compartilhar, escreva que terei prazer em tentar te direcionar.
Abraço !!
Boa noite, Ronaldo!
Primeiramente parabéns pelo seu blog! Tem nos ajudado muito!
Tenho uma dúvida também! Ingressei em um projeto em que já tenho método validado, mas precisei trocar a coluna em virtude de meu analito aparecer com um "ombro" aparentemente devido ao desgaste da coluna (ela foi usada durante muitas análises após o desenvolvimento do método). Utilizo duas fases móveis pois analiso amostras provenientes de matrizes diferentes. Em ambas alterei um pouco a proporção de fase móvel (H20 + 0,4% trietilamina/ACN) 88:12 para 90:10 e H20 + 0,4% trietilamina/ACN/MEOH 75:10:15 para 85:10:5) apenas para ajuste do tempo de retenção, mas ao fazer a curva de calibração não consigo obter os mesmos limites inferiores de quantificação. As concentrações de 10 e 25 ng não ficam exatas. Consigo boa precisão e linearidade, apenas. Já pedi para outro analista pipetar a curva e ocorreu o mesmo. O método é por fluorescência e estamos achando que como a lâmpada está com aprox. 2000 hs de uso (ultrapassando o uso recomendado) isso pode estar afetando a análise de pontos menores. Queria saber se faz sentido pra ti, ou se pode ser problema de troca de coluna ou até mesmo a alteração de fase móvel. Substituimos uma coluna Atlantis T3 por uma Phenomenex Gemini (150 x 4,6, 5 um).
Desde já, obrigada pela atenção!!
Abraço,
Graziela
Olá Graziela,
Obrigado pelos elogios e visite sempre que precisar !!
Vamos ao seu caso:
- já vou dar uma de xereta, mas não posso deixar passar: se você possui matrizes diferentes, isso é um "detalhe" bastante significativo para repensar o uso de um método único, e até mesmo de uma mesma coluna, pois o grande nas metodologias é o fato de não se conhecer tão bem a matriz, e excipientes vão ficando na coluna, que morre rapidamente;
- sobre seu LOQ, é importante saber se seu LOD também foi alterado após a mudança, pois trocas de coluna é um dos erros mais comuns em P&D, que devido à falta de conhecimento, troca C18 por outra C18, achando que são todas iguais (o maior culpado por este erro de conceito é a Farmacopéia Americana e sua classificação de colunas). Existem mais de 10 parâmetros a serem considerados ao trocar uma marca de coluna,(tipo de sílica, formato de partícula, material de suporte, carga de carbono, capeamento, tamanho de partícula, tamanho de poro, etc) e isso normalmente é feito sem muito conheciment;
- sobre sua lâmpada, não posso dizer muito pois isso depende da marca do equipamento e que tipo de lâmpada seu detector utiliza, mas normalmente, a lâmpada de xenônio dos detectores FL duram muito mais que 2 mil horas e não creio que este seja seu problema;
- na minha visão, a troca de FM e de coluna devem ser os causadores do problema, e indico à você avaliar os parâmetros de desempenho de sua coluna, como pratos teóricos, e comparar os resultados da coluna atual com a anterior;
- indico também você utilizar as tabelas comparativas entre colunas, disponíveis nos sites dos fabricantes e no site da Farmacopéia Americana (esta informação eu recebi recentemente de um cliente, e acho que vale a pena ver se eles melhoraram o conceito de colunas).
Boa sorte !
Postar um comentário